Equipamentos e Acessórios

Um dos fatos mais fundamentais sobre as formigas, e sobre todos os insetos, é que elas são criaturas ectotérmicas, popularmente conhecidas como de «sangue frio». Diferente de nós, mamíferos, elas não conseguem gerar seu próprio calor corporal. Sua temperatura interna, e consequentemente sua taxa metabólica, é ditada pela temperatura do ambiente ao seu redor.

Para a vasta maioria das espécies de formigas, a luz é sinônimo de perigo. Instintivamente, ela representa a exposição do ninho, a vulnerabilidade a predadores e o risco de ressecamento. A aversão à luz, ou fotofobia, é um dos comportamentos mais fundamentais e arraigados, especialmente no que diz respeito ao espaço sagrado onde a rainha e a prole residem. Este instinto primordial cria um dilema para o mirmecologista: como podemos observar, fotografar e nos maravilhar com a vida íntima de nossa colônia se a nossa própria presença, anunciada pela luz, causa pânico e interrompe os comportamentos que tanto desejamos ver?

Até agora, discutimos como influenciar o ambiente da colônia, adicionando calor com um tapete de aquecimento ou controlando a umidade através de um sistema de hidratação. No entanto, sem uma forma de medir objetivamente esses parâmetros, estamos, em essência, pilotando às cegas. «Parece quente o suficiente» ou «acho que está úmido o bastante» são suposições perigosas que podem levar a erros de manejo. Para elevar o nível do nosso cuidado de uma arte para uma ciência, precisamos de dados. É aqui que entram dois dos acessórios mais subestimados, porém mais valiosos, no arsenal de um mirmecologista: o termômetro e o higrômetro.

Prover comida e água para uma colônia de formigas parece, à primeira vista, uma tarefa trivial. No entanto, a forma como esses recursos essenciais são oferecidos pode ter um impacto profundo na saúde, segurança e limpeza de todo o setup. Uma poça de água pode se tornar uma armadilha mortal, e um resto de comida esquecido pode ser o estopim para uma infestação catastrófica de mofo ou ácaros.

No universo da mirmecologia, uma verdade é quase universal: existem dois tipos de criadores – aqueles que já tiveram uma fuga e aqueles que ainda terão. As formigas são, por natureza, exploradoras incansáveis e mestras da escapologia. A menor das frestas, a menor falha em uma barreira, será eventualmente encontrada e explorada.

O sucesso a longo prazo na mirmecologia reside na consistência e na atenção aos detalhes da rotina diária. Alimentar, limpar e observar são as três atividades principais que conectarão você à sua colônia. Embora seja possível realizar essas tarefas com improviso, possuir um pequeno conjunto de ferramentas dedicadas eleva o seu nível de cuidado de amador a profissional.